Título: Escravidão (vol 2)

Autor: Laurentino Gomes

Gênero: Livro reportagem, História

Nacionalidade: Brasileira

Editora: Globo Livros

Formato: E-book (Skeelo)

ISBN: 9786586047936

Nota: 10/10

Nota Skoob: ⭐⭐⭐⭐⭐ + ❤️

O segundo livro da série sobre Escravidão traz mais um apanhado de informações da “época de ouro” da escravidão no Brasil. Literalmente. Entre 1700 e 1800, a mão de obra cativa foi muito utilizada para a exploração de ouro em Minas Gerais e em algumas regiões do Centro-Oeste brasileiro. Além disso, também foram usados para as plantações de cana-de-açúcar (não só no Brasil, mas em diversos outros lugares da América), arroz, tabaco e algodão. Laurentino nos descreve com riqueza de detalhes esse período, que foi um dos que mais deu lucros aos traficantes e senhores de escravos.

Curiosidades como o fato de que os escravos faziam parte de comunidades religiosas que se apoiavam, que eles trabalhavam também para o próprio sustento ao plantarem o próprio alimento e por muitas vezes vendiam alimentos prontos - já que os senhores de escravos queriam reduzir a própria responsabilidade em mantê-los em cativeiro, são pontos de destaque dessa obra. Outro fato interessante é que, pelo menos no Brasil, a possibilidade dos escravos conseguirem comprar a própria alforria e a de seus familiares era maior do que em outros países, como os EUA por exemplo.

As famílias de escravos também eram formadas ali mesmo no ambiente da senzala. Inclusive, alguns senhores de escravos se tornaram padrinhos de casamento de seus cativos, dando uma certa ideia de “amizade” entre eles e, assim, evitando revoltas.

Um dos trechos que mais me impactou é o que menciona a fala da inglesa Jemima Kindersley, que basicamente relata que a população lê pouco, e que não tem conhecimento de muita coisa, e inclusive que é “política do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder”. Essa citação ecoa até os dias de hoje, como bem podemos observar na nossa sociedade.

Neste livro, outro destaque muito importante é de uma personagem muito conhecida: Chica da Silva, uma das mulheres mais emblemáticas da História da Escravidão. Ela, que já teve sua história dramatizada em novelas e livros, foi uma escrava que se alforriou, casou-se com um homem branco explorador de diamantes, e chegou à elite mineira graças a esse relacionamento.

A riqueza dos relatos de Laurentino nos permite ver claramente o quanto a economia portuguesa dependia do Brasil e da mão de obra escrava, e o quão mal administrados eram os recursos pela monarquia. Porém, as coisas estavam prestes a mudar, já que toda a corte portuguesa estava para desembarcar no Rio de Janeiro, e o cenário brasileiro sofreria uma transformação irreversível. 

 

Nessa nova fase de contos, os personagens vivem nas redondezas de Glen St Mary. Não são contos da família Blythe, como o título dá a entender, mas de pessoas que os conhecem. Alguns gostam da família, outros não. Mas eles sempre acabam citando o Dr. ou a Sra. Blythe, ou algum dos filhos de Ingleside.

As histórias não são ruins. O que estragou minha experiência com o livro foram dois pontos muito importantes:

• A decepção com o livro anterior;
• A narração maçante da autora, com excesso de descrições que poderiam ser resumidas para que as histórias fossem mais dinâmicas;
• Contos extremamente longos, com 20, 30, até 40 páginas. O livro tem quase 300 páginas e apenas 10 contos.

Juntando esses dois pontos, acabei ficando saturada desses contos. Isso fez com que eu demorasse meses para terminar um livro de pouco mais de 200 páginas.

A única história que eu posso afirmar que me prendeu e que ficou gravada na minha memória foi “A Criança Tolhida”, que conta a história de um menino órfão que estava sob a tutela de um tio muito rico e doente que, ao falecer, deixou em seu testamento que ele deveria passar um tempo na casa de todos os demais tios e quem ele escolhesse para ficar, teria o direito a receber um valor mensal que cobriria seus gastos. Mas nenhum desses tios realmente gostava do menino. Até que, acidentalmente, ele acaba indo parar numa casa no interior e o dono dela era justamente seu pai desaparecido.

Quando finalmente cheguei ao fim do livro, senti como se tivesse tirado um peso das costas. Até compartilhei um vídeo comemorando nas redes sociais. Infelizmente, a experiência com ele não foi das melhores. 

 

Mais um livro de crônicas sobre os moradores de Avonlea, este livro tinha tudo para ser incrível e ganhar 5 estrelas (Nota 10). Mas na última crônica, me deparei com algo completamente inaceitável, que simplesmente estragou toda a minha experiência com o livro. Mas vamos por partes.

As crônicas aqui são menores que em Crônicas de Avonlea, o que dá um dinamismo maior às histórias. Esse é um ponto extremamente positivo. As histórias contadas são muito boas, e aqui vou falar das minhas preferidas, que são “A gata persa de tia Cynthia” e “O irmão fracassado”.

“A gata persa” é aquele romance bem gostosinho de ler. Max é apaixonado por Sue, e já a pediu em casamento diversas vezes, mas ela sempre recusava e até o tratava mal. Mas no fundo, ela também era apaixonada por ele e só não queria admitir. A gente fica torcendo pra ela cair em si, e isso acontece graças ao sumiço da gata de sua tia Cynthia.

Já “O irmão fracassado” é tão tocante que me levou às lágrimas. Um dos irmãos de uma grande família não tinha conquistado muitos bens materiais nem se casado e constituído família. Ao ouvir outro irmão o chamando de fracassado, ele se entristece e decide não comparecer às festividades da família. O que ele não sabia era que esse não era o pensamento dos demais irmãos, que o homenagearam no final da história por ele ter um coração enorme e sempre ajudar os demais.

 

Nota: 8/10

Resenha #55 | Vale do Arco-Íris

 

Título: Outros jeitos de usar a boca

Autora: Rupi Kaur

Gênero: Poesia

Nacionalidade: Norteamericano

Título original: Milk and honey

Tradução: Ana Guadalupe

Editora: Planeta

ISBN: 9788542209303

Nota: 10/10 + ❤️

Os poemas de Outros jeitos de usar a boca são lindos, tocantes, sensuais e empoderadores. São sensíveis, demonstram força, demonstram fraqueza, demonstram uma alma desnuda e derramada em palavras e frases e linhas e desenhos.

O livro se divide em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura. No primeiro, a autora narra sua história familiar. Aparentemente, ela não tinha uma relação muito saudável com o pai, o que pode ter afetado a forma como ela via os relacionamentos. O segundo, ela se apaixona, e é tudo tão intenso que você se sente no meio desse furacão. O terceiro, a relação amorosa acaba, e o sentimento é realmente de fim de relacionamento: difícil de lidar, difícil de entender, de seguir em frente. E por fim o quarto, que é quando ela supera tudo isso, e já consegue se valorizar mais.

É uma leitura muito gostosa e fácil, nos deixa imersos às sensações que a autora proporciona com suas palavras. É uma experiência única.