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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Resenha #62 | Escravidão (vol. 3)

 



Título: Escravidão (vol. 3)
Autor: Laurentino Gomes
Gênero: Livro reportagem, História
Nacionalidade: Brasileira
Editora: Globo Livros
Formato: Livro físico
ISBN: 9786559870523
Nota: 10/10
Nota Skoob: ⭐⭐⭐⭐ + ❤️




Neste último livro da trilogia sobre Escravidão, Laurentino nos presenteia com informações riquíssimas do momento de maior tráfico de escravos da História: o século XIX. Aqui, ele contempla o período entre a independência do Brasil, em 1822, e a assinatura da Lei Áurea, em 1888. 

É uma obra que, definitivamente, mostra o caráter do brasileiro, que não mudou muito daquela época para hoje. Durante mais de 50 anos, mesmo com uma lei proibindo o tráfico de escravos no Brasil, a atividade continuava acontecendo, à luz do dia, e muito maior e mais rentável do que quando estava amparada pela lei.

A verdade é que o século XIX foi o século da hipocrisia, como o livro nos mostrou (não que seja opinião do autor, essa é a minha opinião baseada no que li e entendi do livro). A Inglaterra, que lucrou muito dinheiro durante séculos com a escravidão, com o Iluminismo, passou a ter a ideia de que todas as vidas importam, que o povo preto não é um ser inferior que não mereça toda a dignidade que qualquer ser humano merece. E por ser a grande potência militar mundial na época, decidiu que todo o mundo deveria pensar assim também, ou os demais países sofreriam sanções. Mas ainda assim, fechavam os olhos para o dinheiro que circulava no país advindo do tráfico ilegal de escravos.

Na linha do tempo contada na obra, temos portugueses e brasileiros ignorando que o resto do mundo estava abolindo a escravidão e criando uma lei “pra inglês ver”, temos reis e líderes africanos confusos porque em um momento tinham sido convencidos de que vender seu próprio povo era algo benéfico espiritualmente, e agora já não era mais, e temos outros países europeus que fechavam os olhos para a escravidão que ainda existia por aqui. O Brasil foi o último a realmente abolir a escravidão, apesar de ter leis que permitiam que os escravos comprassem a própria alforria, coisa que não existia em outros países.

E mesmo depois que finalmente o povo preto teve a tão almejada liberdade, não teve o mínimo de suporte necessário para viver uma vida digna. Muitos deles não sabiam para onde ir, o que fazer da própria vida. Vários voltaram para os antigos “senhores” e acabaram trabalhando para eles por um salário baixíssimo. Não tinham acesso à educação, à profissionalização, moradia, nada. 

A herança desses quase 400 anos de escravidão é uma ferida aberta até hoje em nossa sociedade. Vemos o reflexo no racismo que as pessoas pretas sofrem até hoje, na inferiorização e na precarização do trabalho, na pobreza das favelas, onde a gigantesca maioria da população é negra, na falta de acesso à educação de qualidade. Entender como funcionou o maior crime contra a humanidade já praticado deveria ser obrigatório para todas as classes sociais deste país. Quem sabe assim teríamos mais pessoas conscientizadas sobre as questões que são tão exaustivamente levantadas pelo povo preto.

É por isso que eu sou completamente a favor de ver a trilogia Escravidão sendo estudada nas escolas, sendo matéria de estudo nas faculdades, sendo tema de TCCs e de conteúdos na internet. Essa trilogia é essencial para a sociedade. Todo brasileiro deveria ler.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Resenha #31 - No Olho do Furacão - América Latina nos anos 60/70



Título: No Olho do Furacão - América Latina nos anos 60/70
Autor: Paulo Cannabrava Filho
Gênero: Livro reportagem / História
Nacionalidade: Brasileira
Editora: Cortez Editora / Plaza y Valdes Editores
Nota: 8/10




O livro “No Olho do Furacão” é um livro reportagem extremamente rico em informações históricas da América Latina nos anos 1960 e 1970, em que todos os países latino-americanos viviam inconstâncias políticas e econômicas. Cannabrava detinha muita propriedade para falar dos diversos processos políticos que países como Bolívia, Peru, Cuba, Argentina, Nicarágua, Panamá e Brasil estavam vivendo, já que durante todos esses anos ele viveu em cada país, experimentando cada aventura relatada na obra.


Entre as tomadas de poder da esquerda e da direita latino-americana, o autor viveu perigosamente, trabalhando sempre como jornalista em veículos que cobriam os acontecimentos, preferencialmente com viés esquerdista e, sempre que possível, militava nas causas socialistas e comunistas, juntamente aos chamados revolucionários que eram filiados aos partidos dessa linha ideológica.


Histórias marcantes de líderes políticos, como Omar Torrijos do Panamá, com quem tinha profunda amizade, e de encontros com personagens como Che Guevara, fazem com que a temática do livro seja extremamente interessante, além de todo o teor histórico que ele carrega. Contudo, todo o teor ideológico esquerdista se faz presente no livro, o que o torna cansativo, principalmente para quem não têm interesse nem afinidade com esse tipo de pensamento.


Claro que o autor tem todo o direito de se expressar como pensa e como sentiu cada experiência, e isso é muito importante para as conclusões que podemos tirar dessa obra. A primeira delas é que não existe imparcialidade no jornalismo. O que existem são jornalistas militantes, tanto de esquerda quanto de direita, e quem tiver o maior poder de persuasão é que fará a população escolher qual tipo de governo estará no poder.


A segunda conclusão, e talvez a mais intrigante, seja a forma como o autor expressa cada ação da esquerda ou da direita, seja do lado político, seja do lado jornalístico. Enquanto as atitudes dos esquerdistas eram sempre revolucionárias e tidas como heróicas, e os governos esquerdistas aparentavam ser sempre perfeitos, já que buscavam reformas para melhorias nos diversos âmbitos da sociedade, a direita era sempre tida como repressora, contrária ao desenvolvimento do país, assassina e aliada aos interesses dos EUA, que são sempre ruins e opressores. Ele mesmo, em um dos capítulos que fala sobre o processo político do Peru, afirma que trabalhou no jornal Expreso, que era porta-voz do governo Velasco, esquerdista, enquanto os demais jornais do país eram ligados à oligarquias e defendiam interesses capitalistas e estadunidenses. Em nenhum momento do livro foi citado que um jornal “de direita” fazia críticas ao governo, mas percebemos que a forma que foi narrado dá a entender que esse tipo de jornalismo até fazia perseguições aos que pensam de forma contrária. Enquanto isso, os veículos com viés esquerdistas eram apenas críticos quanto aos governos da direita e lutavam por uma sociedade mais justa e igualitária. Óbvio que, se fosse um conservador que estivesse narrando os fatos, com certeza o viés seria completamente inverso, tornando a esquerda como vilã da história, enquanto a direita tenta salvar o mundo. Tudo depende do ponto de vista de quem escreve.


Contudo, não era de se esperar menos de um autor que contribuiu para o desenvolvimento de cartilhas ideológicas, músicas e poemas que doutrinam sobre a ideologia socialista e comunista. Quanto a isso, ele com certeza foi muito eficaz em sua forma de trabalhar e expressar suas impressões sobre o que viveu. Um dos pontos mais interessantes sobre isso é ver que o autor não se deixou levar pelo extremismo, e sua preferência sempre foi persuadir por meio das palavras, das ideias e da comunicação, e nunca por meio das armas.


Indo além dessas questões, é humanamente impossível não se envolver com a situação que Cannabrava viveu em cada um dos países mencionados no livro. As perseguições que ele viveu, as situações de perigo no Brasil e em cada momento em que havia uma virada de poder, as diversas vezes em que teve de se separar de sua esposa e seus filhos para se aventurar em busca de um novo país para viver, trabalhar e militar, a beleza do companheirismo entre ele e a esposa Bia, que perseguia os mesmos ideais que ele, as amizades que foram feitas e perdidas tragicamente no meio do caminho. Cada uma delas toca o coração humano e demonstra sim uma sensibilidade e uma demonstração de valores que muitos julgam que uma pessoa que viva uma linha ideológica revolucionária não possua.




Resumindo, é um livro extremamente interessante do ponto de vista histórico. Intrigante do ponto de vista ideológico. E emocionante do ponto de vista humano.


quinta-feira, 12 de abril de 2018

Papel amassado

Enzo era um estudante universitário que não costumava se importar muito com os estudos. Era uma sexta-feira a noite, e no horário da aula ele estava num barzinho ali próximo da faculdade dele, tomando uma cerveja com seu amigo Guilherme. Os dois gostavam de conversar sobre suas aventuras sexuais e sobre suas aulas de publicidade e propaganda.

Na mesa ao lado, havia uma garota que eles desconheciam, totalmente concentrada em seu laptop e em seus livros sobre a mesa e tomando um café. Ela usava óculos, tinha os cabelos escuros presos com uma caneta, e usava um moletom cinza. Era inverno em São Paulo, e garoava na rua.

Naquele momento, Enzo decidiu apostar com seu amigo que conseguiria sair com aquela garota. “Aposto uma cerveja que não consegue”, disse Guilherme, dando risada. “Ela é muito nerd para largar os livros e sair com você!”

“Cara, ninguém resiste ao meu charme e à minha pinta de Justin Bieber”, se gabou Enzo. Levantou-se e se dirigiu à mesa da garota.

“Oi, tudo bem?”, disse. Ela não respondeu. Ele então a tocou no braço, e ela o olhou. “Oi, tudo bem?”

A garota ficou olhando para os lábios dele enquanto falava, e então respondeu: “Tudo, e você?”

“Tudo ótimo. Estava te olhando ali da outra mesa e te achei muito bonita. Queria te conhecer”, falou Enzo. Ela não parava de observar seus lábios enquanto ele falava.

“Meu nome é Enzo, e o seu qual é?”, e ela não desgrudava os olhos de seus lábios. Para Enzo, era óbvio que ela estava com vontade de beijá-lo.

“Meu nome é Amanda”, respondeu a garota, agora olhando em seus olhos, mas sem nenhum vestígio do desejo que ela demonstrava quando olhava em seus lábios. Mas Guilherme foi o único que percebeu o que estava acontecendo.

“Desculpa Enzo, mas eu tenho que ir agora, vou pegar o trem para ir para casa, se não vou acabar chegando muito tarde”, disse Amanda, recolhendo suas coisas, sem olhar mais em seu rosto.

“Mas você pode pelo menos me dar seu telefone, para continuarmos conversando?” 
Mas ela não respondeu. “Amanda, por favor, você parece ser muito legal, quero continuar conversando com você”. E ela o ignorava.

Então, Enzo xingou a garota que já não estava olhando em seu rosto, e saiu de perto dela, voltando para a mesa onde Guilherme estava sentado. “E aí, garotão? Conseguiu conquistar a nerdinha?”

“Nada, ela nem me deu bola, aquela vadia”, respondeu Enzo. “Olhava pra minha boca querendo me beijar, mas ficou se fazendo de difícil”.

“Sério, cara?” disse Guilherme, gargalhando. “Mano, aquela menina é surda, você não percebeu?”

“Como assim, velho?”, indagou Enzo, surpreso.

“Mas é claro, ela não te ouviu quando você a chamou da primeira vez, você precisou tocar o braço dela para que ela percebesse que você estava falando com ela. Quando você falava, ela prestava atenção nos movimentos dos seus lábios para conseguir entender, e você xingou a garota bem alto, todo mundo ouviu e ela nem te olhou”, explicou Guilherme. “Grande pegador…” falou rindo.

Enzo então chamou o garçom e pediu a cerveja da aposta que perdeu, pensando constrangido no mico que pagou. Mas ninguém reparou no papel amassado que Amanda havia deixado em cima da mesa, com o número de telefone dela, deixado ali de propósito.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

7 de setembro e uma independência fajuta



Hoje é dia 7 de setembro, dia da independência do Brasil. Dizem que a famosa frase, "Independência ou morte", foi proclamada nesse mesmo dia, em 1822, pelo então príncipe-regente Dom Pedro I. Hoje é feriado nacional, mesmo assim trabalhei. Hoje era dia de comemorar, mas não sei. 

Não sei qual o motivo de se comemorar. A nossa história fajuta de independência, na verdade, só aconteceu porque Dom Pedro I estava com dor de barriga, e ele não gritou independência ou morte, apenas declarou que ficava no Brasil, desobedecendo a corte de Portugal.

Para piorar a situação, tivemos em nossa história duas ditaduras, a Vargas e a Militar. Antes da primeira, tínhamos uma monarquia que dizem que até ia bem das pernas, mas que sofreu um 'golpe' dos defensores da 'República' como forma de governar. Declarada a República em 1889, nos tornamos a famosa "República do Café com Leite", pois só eram eleitos candidatos paulistas ou mineiros. Até que Getúlio Vargas apareceu e deu um golpe de Estado. Anos depois, quando decidiu "sair do poder", conseguiu eleger o seu candidato à presidência, e ainda por cima conseguiu se re-eleger.

Na ditadura militar, foram mais de 20 anos de repressão da imprensa e da expressão, em qualquer esfera, quando contrária ao regime. Vários militares assumiram o cargo de "presidentes" do Brasil, a corrupção correndo solta, e um "milagre econômico" baseado em números fajutos, inventados pelo governo como forma de oficializar uma grande mentira. Pessoas eram torturadas e mortas, ou estão desaparecidas até hoje, graças a esse período.

E depois da ditadura militar? Já foram DOIS impeachments, vários escândalos de corrupção, dentre eles a Lava Jato, a mais famosa de todos os tempos. Há apenas alguns dias dos 195 anos de independência, foi descoberto apenas R$ 51 MILHÕES num apartamento, dinheiro esse desviado em um esquema de corrupção da Caixa Econômica Federal pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima. Dinheiro esse que poderia estar sendo investido na saúde, na educação, na segurança pública, no transporte, que são tão precários neste país, mas que está servindo apenas para encher os bolsos desses urubus, enquanto nós perdemos nossos direitos trabalhistas e sociais, cada dia mais.

Mas hoje seria dia de comemorar. Desfile militar em Brasília, Esquadrilha da Fumaça e desfiles de fanfarras espalhados pelo país que, em crise, sofre e pena com milhões de desempregados e uma corja de ladrões no poder. Será mesmo que tenho motivos para comemorar a independência?

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O grande amor de Jesus

(Antes de começar a ler, aperte o play)



Era uma vez um Deus que amava a humanidade de uma forma inexplicável. Esse Deus, que criou todo o universo, a Terra, os seres vivos, tinha um relacionamento com o primeiro casal: Adão e Eva. Mas o pecado separou o Criador de sua criatura.

E a humanidade então começou a caminhar sem Deus. Cada vez mais distante, a humanidade passou a se tornar cada vez mais capaz das piores atrocidades. Algumas pessoas, bem poucas mesmo, até decidiram caminhar com Deus; mas mesmo assim, dentro de si, tinham algo que precisava ser mudado.

Lá do céu, Jesus, filho de Deus, o prometido Messias, olhava para a humanidade, e sabia que teria que intervir, para nos salvar, para nos dar a chance de voltarmos a ter um relacionamento com o Criador (que era Ele mesmo também). Então, no tempo certo, Ele desceu para a Terra, no ventre de uma virgem. Passou por todas as fases da gestação dentro de um útero. Nasceu igual a todos nós. Abriu mão da Sua glória para depender totalmente de uma mulher, de uma mãe, para amamentá-Lo, cuidar Dele, limpar o Seu bumbum, vesti-Lo e educá-Lo. Foi um bebê, uma criança, um adolescente, um homem.

Estudou a Lei hebraica e a conhecia muito bem. Conhecia a História de Israel e o que os profetas escreveram. Nele se cumpriram a Lei e as profecias. ELE É o herdeiro do trono de Israel e de Judá, da linhagem real de Davi. Ele passou por todas as etapas para se tornar Rabi (que quer dizer Mestre) e também tinha uma profissão: a de carpinteiro. Ele chamou 12 homens para ensinar e tê-los perto de si, os discípulos. Pregou para multidões, mas poucos realmente demonstraram ter fé Nele. Curou muitos enfermos, expulsou demônios, fez milagres. Foi odiado pelos principais líderes religiosos da época (e parece que ainda é até os dias de hoje). Foi traído por um dos Seus discípulos, abandonado e zombado, passou vergonha em público, apanhou, sangrou, foi crucificado, deram-Lhe vinagre para beber quando teve sede, agonizou, enfiaram-Lhe uma lança, e morreu.

Ele escolheu sofrer a pior morte de todas, escolheu carregar o peso dos nossos pecados nas próprias costas, escolheu o castigo que NÓS merecíamos, porque Ele nos olhou com olhos de amor. Levou nossa culpa por amor. Que grande amor é esse o de Jesus, que sendo Deus se fez homem e sentiu na pele o que de pior um ser humano poderia sofrer?



"Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna."
João 3:16

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Resenha #14 | Meu primeiro golpe de Estado



Título: Meu Primeiro Golpe de Estado
Autor: John Dramani Mahama
Gênero: Autobiografia
Nacionalidade: Ganense
Título original: My first coup d'etat
Tradução: Maria Beatriz de Medina
Editora: Geração Editorial
Nota: 10/10



Meu Primeiro Golpe de Estado é o primeiro livro do historiador, comunicador e atual presidente de Gana, John Dramani Mahama, que conta a sua história pessoal de vida, embalada pelos diversos golpes políticos que seu país sofreu. Em forma de um livro de memórias, a obra também pode ser considerada uma fonte histórica, pois o narrador é uma testemunha ocular dos fatos ocorridos entre as décadas de 1970 e 1990.



O início da história começa com o primeiro golpe de Estado de Gana, quando Mahama tinha apenas sete anos. Seu pai era um ministro do governo, que acabou sendo preso por anos. A partir de então, passou a ser criado pela irmã mais velha, até ser colocado num colégio interno.

Um trecho interessante dos relatos é quando ele conta sobre um menino que se tornou um ditador dentro da escola, em relação aos outros garotos. Mahama conta que as situações vividas eram um retrato do que o seu país vivia, e mesmo que ainda criança, alheio às questões profundas que existiam, ele aprendeu uma lição: não abaixar a cabeça para a opressão.

O livro conta histórias relacionadas principalmente ao seu pai, E. A. Mahama, que além de político, foi um grande empresário.  A separação de seus pais, os novos casamentos, o contato com a religião católica em meio a tantas outras religiões que o povo ganês conhecia, a quantidade de irmãos que tem. São relatados também diversos costumes do povo na época, como por exemplo a poligamia, o ritual de paquera dos jovens, os dialetos, as músicas e até os costumes implementados pelos colonizadores ingleses e, logo em seguida à independência, a adesão ao Commonwealth.

Também é um livro muito envolvente, por se tratar de uma história humana, e não apenas de relatos históricos frios. Carregado de emoções, Mahama conta como foram as "décadas perdidas" da África, nas quais não houve crescimento econômico, mas muitas guerras civis, refletidas nas lutas e dificuldades de sua vida: pobreza e precariedade não só de um indivíduo, mas de um país inteiro, desde a alimentação até uma simples locomoção dentro do próprio território.

As dificuldades eram tantas que Mahama teve que sair de Gana e viver por um tempo na Nigéria com seu pai, que fugia de mais um ditador que deu novo golpe após a redemocratização de Gana. Ele conta também sobre o pedido de exílio de seu pai em Londres e sua busca pelo filho que ele, enganado, cedeu para um casal de missionários ingleses adotar; do êxodo intelectual que seu país sofreu; e até mesmo de seu intercâmbio na antiga URSS, onde hoje é a Rússia, que em pleno colapso o fez repensar sua ideologia marxista.



São muitos detalhes que não poderiam ser descritas numa simples resenha. É simplesmente tocante cada história, cada memória, e Mahama é capaz de transformar cada palavra em sentimento e em imaginação. A gente se sente em Gana, passando junto com ele todos aqueles momentos descritos. Um excelente autor que produziu uma excelente obra, ambos de sensibilidade grandiosa.




domingo, 27 de março de 2016

O verdadeiro significado da Páscoa

A Páscoa é uma data comemorativa celebrada no mundo inteiro. Feriado, momento de almoçar com a família, comer peixe, presenteá-los com ovos de chocolate... espera aí. Que história é essa?

As pessoas se esqueceram do verdadeiro significado da Páscoa. Celebrar com a família é válido - desde que não se menospreze a essência dessa data -, e os ovos de chocolate são uma tradição anterior ao cristianismo, de povos que não tinham nenhum vínculo com o povo judeu (do qual nasceu Jesus Cristo).

Na verdade, a Páscoa é descrita nesse trecho da Bíblia:

"E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo:
Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.
Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.
Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.
O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.
E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.
E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem.
E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.
Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.
E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.
Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.
E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor.
E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.
E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo."
Êxodo 12:1-14

Contextualizando historicamente, o povo hebreu era escravo no Egito, e sofriam opressão e dor. Clamaram ao SENHOR, e Ele os ouviu, enviando a Moisés e seu irmão, Arão, a falar ao Faraó. Já se haviam feito nove sinais, ou nove pragas, como é mais conhecido, para que o rei do Egito libertasse o povo de Israel, porém com o coração endurecido, ele não cedeu. Então, a partir da boca de Moisés e de Arão, Deus anunciou a décima praga: a morte dos primogênitos.
Certamente, os israelitas seriam isentos dessa praga, e para tal precisavam de um sinal de sangue em suas casas. Somente esse trecho desmistifica as famosas tradições seguidas principalmente pelo povo brasileiro:

  1. Desde quando é pecado comer carne na Semana Santa, se o próprio Deus ordenou que se comesse carne de carneiro ou de cabritos para o povo israelita?
  2. Há em alguma daquelas linhas a ordenança ou a sugestão de se presentear a família com ovos de chocolate (ou simplesmente ovos)?
Mas isso não é tudo. Essa primeira Páscoa, além de significar a libertação dos hebreus, não passou de um sinal para o que haveria de vir: a morte e ressurreição de Cristo.

E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.

Mateus 28:1, 5 e 6
Estudos bíblicos também afirmam que a forma como o sinal feito com sangue nas ombreiras e vergas das portas eram de cruz.

Logo, o verdadeiro significado da Páscoa está escondido em Jesus, Aquele que morreu para que nossos pecados morressem junto com Ele, e ressuscitou, para que tivéssemos vida.

Agora, é claro, reunir a família é muito gostoso, e comer chocolate também. Não somos proibidos de fazê-los, muito pelo contrário. Porém, deixo aqui a minha crítica à maior parte da sociedade brasileira, que se diz cristã, mas que, durante as festividades, verdadeiramente não trazem à memória o que Cristo fez.


 
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