O tédio da correria
Este texto foi escrito originalmente em novembro de 2014 (clique aqui para ver o texto original), e re-escrito para o blog.
Numa cidade como São Paulo, a correria é algo monótono. Se pararmos para prestar atenção no que ocorre ao nosso redor, perceberemos que o agito já não é tão dinâmico. Estamos tão acostumados a essa "vida agitada" que novidade mesmo é quando está tudo calmo, tranquilo, sem trânsito e sem pessoas correndo para todos os lados. Isso geralmente ocorre na última semana do ano e na primeira do ano seguinte, quando todos estão viajando, e até vira notícia no SPTV.
Na Rua Vergueiro, que mais parece avenida, por volta das 9h50 da manhã, o termômetro marcava 21ºC. No relógio de rua sempre há alguma publicidade. Naquele 7 de novembro, o famoso Maracugina - aquele que te deixa calminho, calminho... - dividia espaço com a costumeira vlogger que faz tutoriais de maquiagem no YouTube. Digo costumeira porque, durante meses, vi todos os dias o rosto bonito daquela mulher estampado no mesmo lugar.
Numa cidade como São Paulo, a correria é algo monótono. Se pararmos para prestar atenção no que ocorre ao nosso redor, perceberemos que o agito já não é tão dinâmico. Estamos tão acostumados a essa "vida agitada" que novidade mesmo é quando está tudo calmo, tranquilo, sem trânsito e sem pessoas correndo para todos os lados. Isso geralmente ocorre na última semana do ano e na primeira do ano seguinte, quando todos estão viajando, e até vira notícia no SPTV.
Na Rua Vergueiro, que mais parece avenida, por volta das 9h50 da manhã, o termômetro marcava 21ºC. No relógio de rua sempre há alguma publicidade. Naquele 7 de novembro, o famoso Maracugina - aquele que te deixa calminho, calminho... - dividia espaço com a costumeira vlogger que faz tutoriais de maquiagem no YouTube. Digo costumeira porque, durante meses, vi todos os dias o rosto bonito daquela mulher estampado no mesmo lugar.
Aliás, alguém tem que explicar como pode uma via tão extensa
quanto a Rua Vergueiro, com mais de 9 quilômetros, que começa no bairro da
Liberdade, no centro, e termina no Sacomã, na Zona Sul, que passa em bairros
importantes como Paraíso e Vila Mariana, que dá acesso às vias mais conhecidas
da região, como Av da Liberdade, Av Dr Ricardo Jafet, Rua Santa Cruz, Av Dr.
Gentil de Moura e Av Presidente Tancredo Neves, que tem seu acesso por 5 estações
de metrô, sendo 4 da linha 1 azul: São
Joaquim, Vergueiro, Paraíso, Ana Rosa, e uma da Linha 2 – Verde: Chácara Klabin,
pode ser chamada de RUA. Qual é o critério para denominar se uma via é rua,
avenida, estrada? Perto da minha casa existe uma “ruela” que tem por nome Av
Barro Branco. Vai entender.
Bom, vamos continuar as descrições daquele dia. O frio que eu estava sentindo foi se dissipando quando estrategicamente me posicionei em pontos onde batia um pouco de sol. É reparável o tédio que qualquer pessoa sente ao parar e observar aquela correria de pessoas que passavam com destino à faculdade, ao trabalho, ao Centro Cultural, etc. Em meio ao estresse do cotidiano, fumantes buscam se acalmar ingerindo fumaça tóxica, soltando ao vento e atingindo o rosto de quem está atrás, como se ninguém se incomodasse com aquilo. A correria é egoísta e não se importa com o próximo.
Dez minutos se passaram. O termômetro passou a marcar 22º C. Ciclistas passavam aos montes, e carros então... nem se fala. Mas dois fatos chamaram a atenção. O primeiro, um carro daqueles pequenos, esses compactos mesmo que estão em todos os lugares hoje em dia, numa cor bem exótica: laranja metálico. É um pouco difícil encontrar carros nessa cor, já que a maioria são pratas, pretos, brancos, cinzas, e os mais ousados são vermelhos ou amarelos. De vez em quando ainda aparece um verde ou azul – geralmente escuro. Mas laranja metálico? É realmente muito bonito. O segundo, a quantidade de táxis às 10h. Não fazia ideia de quantos desses veículos circulavam naquela região e naquele horário. Lembrando que na época não existiam ainda nem UBERs nem táxis pretos.
Bom, vamos continuar as descrições daquele dia. O frio que eu estava sentindo foi se dissipando quando estrategicamente me posicionei em pontos onde batia um pouco de sol. É reparável o tédio que qualquer pessoa sente ao parar e observar aquela correria de pessoas que passavam com destino à faculdade, ao trabalho, ao Centro Cultural, etc. Em meio ao estresse do cotidiano, fumantes buscam se acalmar ingerindo fumaça tóxica, soltando ao vento e atingindo o rosto de quem está atrás, como se ninguém se incomodasse com aquilo. A correria é egoísta e não se importa com o próximo.
Dez minutos se passaram. O termômetro passou a marcar 22º C. Ciclistas passavam aos montes, e carros então... nem se fala. Mas dois fatos chamaram a atenção. O primeiro, um carro daqueles pequenos, esses compactos mesmo que estão em todos os lugares hoje em dia, numa cor bem exótica: laranja metálico. É um pouco difícil encontrar carros nessa cor, já que a maioria são pratas, pretos, brancos, cinzas, e os mais ousados são vermelhos ou amarelos. De vez em quando ainda aparece um verde ou azul – geralmente escuro. Mas laranja metálico? É realmente muito bonito. O segundo, a quantidade de táxis às 10h. Não fazia ideia de quantos desses veículos circulavam naquela região e naquele horário. Lembrando que na época não existiam ainda nem UBERs nem táxis pretos.
Eu sequer se perceberia tais excentricidades nessa tão
grande cidade, se não se tivesse que parar a minha própria correria – por uma
causa didática, pois foi para uma aula de jornalismo – e largar o medo da rua -
aquela velha e básica insegurança que todos sentem numa cidade grande - e
observar o que eu não conhecia bem.