De repente, meu olhar cruzou com o dela. Já faz tempo que a admiro, não somente por sua beleza, mas pelo brilho diferente que vejo nela. É um quê de meiguice com muita força e determinação, numa personalidade que eu nunca vi numa garota.

     Todas as vezes que a vejo, meu olhar cruza com o dela. Não lembro seu nome, mas sua imagem fica gravada em minha memória... e em meu coração. Aqueles olhos me arrebatam, é difícil encará-los por muito tempo sem se apaixonar. Acredito que ela não cause esse efeito só em mim; afinal de contas, são tantos os caras que a rodeiam...

     Lá vem ela falar comigo. Como conversar com alguém que me deixa totalmente sem jeito? E ela é divertida, simpática, tem bom papo... tanto que quase conversa sozinha quando está comigo.
Ela me considera seu amigo. Tenho até um apelido, exclusivo, só dela. Sou o "carinha da formatura", pois quando ela estava se formando na 8ª série, eu estava lá... acompanhando outra menina. Já nos conhecíamos antes, mas aquele dia ficou marcado; não porque tenha sido a primeira vez que ela me hipnotizou com aqueles olhos castanhos e escuros, mas pela ocasião em si.

     Neste momento, tenho-a em minha frente. Alguns amigos em volta, todos nós sentados numa calçada de condomínio. Estamos conversando sobre como beijar uma garota. Esses caras não sabem nada sobre como ser romântico. E esse impulso que cresce dentro de mim? A ideia de fazer uma pequena demonstração com a dona daquele olhar indescritível tomou conta do meu autocontrole. Fiz o convite, se ela aceitar estou perdido...

- "Posso?"
- "Pode..." - ela disse, com aquela voz de "desafio aceito", sem medo algum.

     Aproximei-me devagar, envolvi meu braço em suas costas e a empurrei delicadamente em direção ao chão, até deitá-la. Nossos rostos ficara tão próximos que quase dava para beijá-la. E era o que aqueles olhos tão lindos estavam pedindo. Naquela fração de segundo, ela me olhou tão apaixonadamente que quase atendi àquela súplica muda.

     No entanto, tinha uma aliança no meu dedo; um alguém que esperava de mim um mínimo de respeito. Então parei por ali. Mas aqueles olhos ficaram cravados dentro de mim.

E mais uma vez os dias se tornam nublados. As lágrimas insistem em brotar em meus olhos, a tristeza em meu coração, o desespero em minha mente. O vento que insiste em soprar é frio, e eu sem agasalho, espero a hora do sol voltar. E quando volta? Sem ti, jamais.

Sentimentos que vêm e vão, e não me deixam em paz. Temores em tempos de solidão, a depressão me bate à porta: não tenho forças para não deixá-la entrar. Coração dói, está prestes a explodir, mas ao contrário de outrora, quando era alegria e paixão, hoje é angústia em saber que estás escorregando entre meus dedos e posso te perder. Para sempre.

Não queria dizer que é o fim, isso dói em mim mais do que já doeu algum dia; é uma dor que eu diria que me mataria. Não é que eu esteja querendo fazer drama, é só um texto de quem ama desabafando para não enlouquecer.