Resenha #17 | Abusado - O Dono do Morro Dona Marta
Título: Abusado - O Dono do Morro Dona Marta
Autor: Caco Barcellos
Gênero: Livro reportagem
Nacionalidade: Brasileira
Editora/Edição: Record
Nota: 10/10
O livro de Caco Barcellos conta a história do morro Dona Marta, localizada no Rio de Janeiro, e de seu personagem principal, Juliano VP, pseudônimo do traficante Marcinho VP, que foi de aviãozinho à chefe do tráfico. Barcellos fez uma grande apuração de cinco anos, entrevistando as pessoas da comunidade, indo muito além das simples história dessas pessoas. O livro nos leva a entender como o crime age na sociedade, pelas mãos da população marginalizada, e nos leva a refletir sobre como o Estado tem desempenhado seu papel.
O enredo começa com uma cena de ação, muito bem descrita pelo autor e usada para prender a atenção do leitor à história. Utilizar a técnica media in res foi uma excelente estratégia, visto que a maioria dos livros têm seu início um pouco disperso. Essa cena mostra uma fuga de um ataque, envolvendo Juliano VP e seus comparsas, que resulta na morte de Careca, seu motorista de fuga.
Na sequência, Barcellos conta como foi a formação da favela Dona Marta, a história dos pais de Juliano VP e diversos outros moradores antigos da comunidade, até chegar à história de Juliano, passando por sua infância entre a escola e o boteco de seu pai, os amigos da “Turma da Xuxa”, o início da carreira no tráfico, as prisões, a ascensão ao poder, a entrada no Comando Vermelho, a fuga para fora do país.
Caco Barcellos dedica a terceira parte do livro a contar em primeira pessoa a sua experiência ao lado de Juliano VP, bem como sua interpretação pessoal de tantos anos de convivência no Morro Santa Marta.
Nos deparamos com uma obra extensa, uma apuração jornalística de aproximadamente cinco anos, conversando com os moradores da comunidade, com o próprio Marcinho VP, com jornalistas que fizeram parte dessa história, levantando materiais e documentos para bater as histórias. Barcellos teve que conviver com aquelas pessoas por todo o tempo, para entender como funcionava a vida na favela e no tráfico.
É um livro extremamente bem narrado, utiliza-se muitas vezes da forma de falar dos personagens, com todos os seus erros e as suas gírias, não ficando preso ao português culto, dando a impressão de que estamos literalmente ouvindo o personagem falar. Isso deu vida ao relato, nos levando até aquela realidade. O autor soube dançar com as palavras de uma forma suave, prender a atenção às cenas relatadas detalhadamente, dando a impressão de que estamos assistindo a um filme.
O livro é considerado bastante polêmico, por conta da discussão que se fez em torno do assunto principal: o tráfico de drogas, e o posicionamento ético do jornalista em denunciar ou não a sua fonte. Isso apenas torna o livro muito mais atraente para a leitura, já que assim o leitor pode tirar suas próprias conclusões sobre o que faria em lugar de Barcellos. Porém, a reflexão é ainda maior do que essa: até que ponto a sociedade e o Estado agem para impedir, e até onde permitem o crime acontecer?
Autor: Caco Barcellos
Gênero: Livro reportagem
Nacionalidade: Brasileira
Editora/Edição: Record
Nota: 10/10
O enredo começa com uma cena de ação, muito bem descrita pelo autor e usada para prender a atenção do leitor à história. Utilizar a técnica media in res foi uma excelente estratégia, visto que a maioria dos livros têm seu início um pouco disperso. Essa cena mostra uma fuga de um ataque, envolvendo Juliano VP e seus comparsas, que resulta na morte de Careca, seu motorista de fuga.
Na sequência, Barcellos conta como foi a formação da favela Dona Marta, a história dos pais de Juliano VP e diversos outros moradores antigos da comunidade, até chegar à história de Juliano, passando por sua infância entre a escola e o boteco de seu pai, os amigos da “Turma da Xuxa”, o início da carreira no tráfico, as prisões, a ascensão ao poder, a entrada no Comando Vermelho, a fuga para fora do país.
Caco Barcellos dedica a terceira parte do livro a contar em primeira pessoa a sua experiência ao lado de Juliano VP, bem como sua interpretação pessoal de tantos anos de convivência no Morro Santa Marta.
Nos deparamos com uma obra extensa, uma apuração jornalística de aproximadamente cinco anos, conversando com os moradores da comunidade, com o próprio Marcinho VP, com jornalistas que fizeram parte dessa história, levantando materiais e documentos para bater as histórias. Barcellos teve que conviver com aquelas pessoas por todo o tempo, para entender como funcionava a vida na favela e no tráfico.
É um livro extremamente bem narrado, utiliza-se muitas vezes da forma de falar dos personagens, com todos os seus erros e as suas gírias, não ficando preso ao português culto, dando a impressão de que estamos literalmente ouvindo o personagem falar. Isso deu vida ao relato, nos levando até aquela realidade. O autor soube dançar com as palavras de uma forma suave, prender a atenção às cenas relatadas detalhadamente, dando a impressão de que estamos assistindo a um filme.
O livro é considerado bastante polêmico, por conta da discussão que se fez em torno do assunto principal: o tráfico de drogas, e o posicionamento ético do jornalista em denunciar ou não a sua fonte. Isso apenas torna o livro muito mais atraente para a leitura, já que assim o leitor pode tirar suas próprias conclusões sobre o que faria em lugar de Barcellos. Porém, a reflexão é ainda maior do que essa: até que ponto a sociedade e o Estado agem para impedir, e até onde permitem o crime acontecer?