O dia em que eu poderia ter morrido (mas não morri)

 




Era uma noite de sábado, 13 de março. Estávamos de Uber, meu esposo e eu. Tínhamos acabado de deixar a filha dele na casa da mãe dela, e estávamos voltando para casa. No meio do caminho, o motorista nos disse que não estava se sentindo bem. Ficamos preocupados, perguntamos se ele queria que a gente descesse. Ele disse que não, que ele só precisava respirar um pouco. Que poderia ser a máscara, e como meu esposo e ele estavam conversando bastante, poderia ser só uma falta de ar.

Seguimos viagem. A tensão era quase palpável. O motorista passou boa parte do tempo se desculpando. Até que chegamos na Rodovia dos Imigrantes. Ele parou o carro próximo da entrada onde deveríamos seguir para chegar em casa. Estávamos muito perto, mas ele não estava bem. Ele nos perguntou se algum de nós dirigia, respondemos que não. E o motorista começou a convulsionar ali, na nossa frente.

Descemos do carro desesperados. Meu esposo começou a acenar para os carros que estavam passando, para pedir ajuda, para que alguém o ajudasse a tirar o rapaz do carro e fazer o procedimento que era necessário para estabilizá-lo. Eu, tremendo, tentei ligar para a emergência, ficando pendurada no telefone durante vários minutos, esperando alguém me atender. Enquanto isso, fui informando às pessoas que se aproximavam o que havia acontecido, para que pudessem ajudar. Pedi para alguém tentar ligar para a ambulância. Uma mulher perguntou sobre o celular do motorista que estava ali no chão, sendo estabilizado por meu esposo e um motoboy, e eu informei que estava dentro do carro.

Fomos até o carro, a mulher pegou o celular dele, e ligou para um dos números que estavam ali. Ela conseguiu falar com uma parente do rapaz, que pela providência divina, morava ali bem perto. Ele já havia acordado e estava sentado no chão, mas ainda atordoado. As pessoas que estavam ali para nos ajudar o levaram para a casa dos parentes dele. O casal que estava de carro e parou para nos ajudar ficou esperando ao lado do carro do motorista, para não o deixar sozinho.

O motorista, quando voltou a si, começou a chorar. Senti a dor dele, e o quanto ele se sentiu impotente naquele momento. Tudo o que pude sentir foi empatia e preocupação com ele. Meu marido e eu só queríamos ter a certeza de que ele ficaria bem. O tio dele, muito solícito, se ofereceu para nos levar até a porta de casa, mesmo que estivéssemos tão perto. Ele se preocupou com nossa segurança àquela hora da noite. Chegamos em casa sãos e salvos.

Passando por toda essa situação, refleti sobre alguns pontos. Um deles é como a nossa vida aqui é frágil. Se o rapaz não tivesse conseguido parar o carro antes de convulsionar, poderíamos ter sofrido um acidente bem grave, já que estávamos numa rodovia. Se tivéssemos descido naquele primeiro momento em que ele nos informou que não estava se sentindo bem, e ele tivesse passado mal sozinho, no meio da estrada, quem o ajudaria?

O segundo ponto que pensei foi em ser grata. Deus protegeu a nós três ali naquele carro. Ele capacitou o rapaz a parar o carro. Ele nos colocou ali para ajudá-lo naquele momento. Foi um tremendo susto, mas quando pensamos no primeiro ponto, entendemos que poderia ter sido pior. Agradeci por isso, e também por toda essa situação ter ocorrido sem a criança conosco. Ela poderia ficar traumatizada, e seria mais uma preocupação para nós. Além de, claro, Deus ter providenciado que os parentes dele morassem ali tão perto, ao ponto de conseguirmos socorrê-lo e entregá-lo a pessoas de confiança.

Terceiro ponto: todas as pessoas que pararam ali foram para nos ajudar. Não teve ninguém que ficou perto de nós apenas por curiosidade. Todos tentaram ajudar de alguma forma. O motoboy ajudou meu esposo a tirar o rapaz do carro e deitá-lo de lado. O casal que estava de carro nos ajudou a encostar o carro do Uber, e ficou cuidando do carro até que a situação se resolvesse. Os pedestres que estavam passando, ajudaram como podiam, inclusive um deles era uma enfermeira, que ajudou com os socorros. Alguns tentaram ajudar a ligar para a emergência. Uma mulher teve a ideia de pegar o celular do motorista e tentar ligar para algum dos contatos.

O que tudo isso me ensinou? A ser mais grata, a parar de reclamar tanto, a dar mais valor à minha vida. Admirei ainda mais o homem que escolhi para estar ao meu lado, que foi um verdadeiro herói para aquele rapaz. A acreditar um pouco mais na bondade das pessoas, que nos ajudaram tanto. A enxergar a mão de Deus nos protegendo e cuidando de nós. Ainda que tenha sido uma experiência que não desejo a ninguém, foi por meio dela que Deus trabalhou meu coração e se mostrou mais próximo, e por isso só tenho a agradecê-lo. Espero que compartilhar isso possa acalmar meu coração dessa situação que me deixou atônita, e que possa servir também como testemunho para vocês.

 


CONVERSATION

4 comentários. Clique aqui para comentar também!:

  1. É, tudo em nossa vida tem um propósito. É ótimo ver o cuidado de Deus não só com a gente, mas com pessoas próximas à nós.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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    Respostas
    1. Obrigada pelo comentário, Emerson! Deus realmente cuida de nós, e muitas vezes esquecemos de agradecer.

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  2. DAQUI PARA FRENTE ANDE DE CARROÇA E COLOQUE ALGUM ESTUDANTE DE JORNALISMO PARA PUXAR

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A dona do blog




Andressa Soriano, 28 anos, São Paulo SP - Brasil.
Cristã, casada, formada em Jornalismo. Apaixonada pela Palavra de Deus, por livros, músicas, pela arte de escrever e criar conteúdo, pelo idioma espanhol.
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