TÃtulo: As Pragas
Autor: Marco Moretti
Gênero: Romance
Nacionalidade: Brasileira
Editora: Talentos da Literatura Brasileira
Nota: 10/10
Se tem algo que eu possa mencionar sobre esse livro é que estou impactada até agora. E eu acredito que é justamente essa a intenção do autor Marco Moretti (que foi meu professor na faculdade e eu fiz resenha do seu primeiro romance, “Eu, Sumé”). Nesta terceira obra, o suspense e a surpresa amarram nossa atenção e nos transportam para uma realidade tão paralela e ao mesmo tempo tão presente na nossa vida, que não tem como não sentir todas aquelas sensações descritas. É uma inquietude, um desassossego que tomam conta a cada página, e uma expectativa mais do que superada ao final.
Tudo começa com o encontro de uma freira chamada Consuelo e um homem que também parecia ser um religioso, que teoricamente se chamava José Galhardo. Ela tinha uma missão simples: a de ajudá-lo a sair de seu estado mental que, àquela altura, o fazia definhar.
Porém, o desenrolar da história os leva a uma fuga e uma descoberta perigosa: a missão "jesuÃtica" de uma localidade batizada como Vera Cruz, e seu fim trágico. O que se esconde por trás das verdades que ninguém quer revelar? Que segredo é esse tão perigoso que pode abalar as estruturas polÃticas, sociais e religiosas daquele tempo? Isso só pode ser revelado por uma arca que guarda um segredo que pode simplesmente destruir tudo ao seu redor, inclusive a vida.
Vera Cruz é um lugar perdido entre o sul do Brasil e o Uruguai, o que explica a estratégia pontual de escrever as falas de alguns personagens com uma mistura de palavras em português e espanhol - o que eu, particularmente, achei incrÃvel - e, além disso, os indÃgenas oscilavam também entre nossa lÃngua e a lÃngua mãe deles. Talvez faltou uma tradução dos termos usados, mas a intenção talvez tenha sido justamente essa: não entender o que era dito, assim como Galhardo (será Galhardo?) não entendia.
Outro ponto curioso é que a versão que eu li tinha algumas crÃticas um tanto quanto engraçadas, não sei se intencionais, mas que simplesmente colocavam Moretti como um louco que escreveu um livro inverossÃmil. Tinha especificamente uma crÃtica que literalmente usava esses termos sobre um determinado detalhe da história que se apresentava naquele momento. A verdade é que isso só enriqueceu ainda mais a genialidade da obra, trazendo alÃvio cômico à tensão do enredo.
As Pragas mostram um cenário agoniante, apocalÃptico e enigmático; a sobrevivência (ou não) humana é levada ao extremo na sua narrativa. A crÃtica aos religiosos hipócritas também é vÃvida, quando mostra a que ponto a maldade humana pode chegar, mesmo mascarada pela falsa aparência de piedade e de boas intenções. A sede de poder levou aos padres a cometerem atrocidades inimagináveis. O egoÃsmo, os levou à ruÃna.
Moretti conseguiu amarrar tudo isso com maestria. O desenrolar da história foge completamente dos clichês. Não tem como prever o que vai acontecer no capÃtulo seguinte. Nada é o que parece. Mas tudo é incrivelmente surreal e intenso. As pragas chegaram para tirar o seu fôlego e te tirar do conforto. É simplesmente genial.
Tudo começa com o encontro de uma freira chamada Consuelo e um homem que também parecia ser um religioso, que teoricamente se chamava José Galhardo. Ela tinha uma missão simples: a de ajudá-lo a sair de seu estado mental que, àquela altura, o fazia definhar.
Porém, o desenrolar da história os leva a uma fuga e uma descoberta perigosa: a missão "jesuÃtica" de uma localidade batizada como Vera Cruz, e seu fim trágico. O que se esconde por trás das verdades que ninguém quer revelar? Que segredo é esse tão perigoso que pode abalar as estruturas polÃticas, sociais e religiosas daquele tempo? Isso só pode ser revelado por uma arca que guarda um segredo que pode simplesmente destruir tudo ao seu redor, inclusive a vida.
Vera Cruz é um lugar perdido entre o sul do Brasil e o Uruguai, o que explica a estratégia pontual de escrever as falas de alguns personagens com uma mistura de palavras em português e espanhol - o que eu, particularmente, achei incrÃvel - e, além disso, os indÃgenas oscilavam também entre nossa lÃngua e a lÃngua mãe deles. Talvez faltou uma tradução dos termos usados, mas a intenção talvez tenha sido justamente essa: não entender o que era dito, assim como Galhardo (será Galhardo?) não entendia.
Outro ponto curioso é que a versão que eu li tinha algumas crÃticas um tanto quanto engraçadas, não sei se intencionais, mas que simplesmente colocavam Moretti como um louco que escreveu um livro inverossÃmil. Tinha especificamente uma crÃtica que literalmente usava esses termos sobre um determinado detalhe da história que se apresentava naquele momento. A verdade é que isso só enriqueceu ainda mais a genialidade da obra, trazendo alÃvio cômico à tensão do enredo.
As Pragas mostram um cenário agoniante, apocalÃptico e enigmático; a sobrevivência (ou não) humana é levada ao extremo na sua narrativa. A crÃtica aos religiosos hipócritas também é vÃvida, quando mostra a que ponto a maldade humana pode chegar, mesmo mascarada pela falsa aparência de piedade e de boas intenções. A sede de poder levou aos padres a cometerem atrocidades inimagináveis. O egoÃsmo, os levou à ruÃna.
Moretti conseguiu amarrar tudo isso com maestria. O desenrolar da história foge completamente dos clichês. Não tem como prever o que vai acontecer no capÃtulo seguinte. Nada é o que parece. Mas tudo é incrivelmente surreal e intenso. As pragas chegaram para tirar o seu fôlego e te tirar do conforto. É simplesmente genial.
“Porque nem sempre é bom olhar bem dentro da boca do Leviatã.”
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