Título: Eu, SuméAutor: Marco MorettiGênero: Ficção - AventuraNacionalidade: BrasileiraNota: 9
O romance escrito pelo jornalista e escritor
Marco Moretti conta a possível história da lenda de um europeu que teria
chegado a América – mais especificamente no Brasil – séculos antes dos
portugueses, e que havia ensinado sobre sua crença religiosa aos nativos.
Sumé, ou Seamus, como é seu nome original, é
um irlandês beato que vivia num mosteiro, onde encontrou um mapa que o levaria
a um suposto paraíso chamado Brazil. Sedento por aventura e motivado por uma fé
cega, encarou o oceano e, num naufrágio, acabou chegando a um território
desconhecido e exuberantemente belo em sua diversidade natural. Lá, encontrou
um povo indígena e, cada vez mais convencido de que fora o escolhido por Deus
para levar aquele povo para o paraíso, buscou catequizá-los, aprendendo sua
língua, usando diversas formas lúdicas, evoluindo para a força ditatorial.
O fim do personagem é algo surpreendente,
capaz de despertar curiosidade da forma pela qual ele desapareceu. O enredo é
maravilhoso, envolvente, tem tudo para atrair a leitura dos jovens e poderia
até mesmo se tornar filme. Entretanto, a linguagem usada, apesar de fazer parte
do tipo que era utilizado na Idade Média, é muito cansativa e rebuscada, e isso
é uma barreira que faz a obra parecer uma espécie de livro para intelectuais de
padrão inalcançável, e acredite ou não, isso assusta e desmotiva.
Outra falha que percebi é que o patamar de
preocupação com o uso correto da língua portuguesa culta foi sendo desgastado
ao longo do livro, sendo perceptível, ao final, alguns erros de ortografia e de
digitação. Esse foi o principal motivo de não ter ganhado o meu dez. Ainda que
não fosse proposital, esse ponto negativo deu a impressão de desleixo e pressa
para terminar a história, não mantendo o mesmo nível do início ao fim.
Já os pontos positivos são muitos. Já citei o
primeiro, que é o enredo. O segundo são as tiradas que os personagens dão
durante suas falas. Peguei-me diversas vezes rindo e lendo de novo uma frase
que, talvez, apenas eu tenha achado graça, mas que aumentou consideravelmente a
minha estima pela obra. Outro ponto importante é o conteúdo histórico que
apresenta, principalmente no início do livro, sobre a realidade da Idade Média
e a mentalidade catolizada das pessoas europeias, um ponto de crítica que
Moretti explorou em sua obra e que ficou muito bem feito.
Em suma, o livro é cheio de conteúdo e tem uma
história muito criativa e envolvente de aventura, porém aquela pitada de
desleixo já mencionada e a linguagem empolada não são atrativos aos jovens, a
quem, acredito eu, sejam o público-alvo mais indicado para esse tipo de gênero.
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