Utopia de um amor qualquer.

Já era noite e Ana Julia ainda estava ali. Lágrimas nos olhos, Adele no MP3 Player do celular. Sentada no alto de uma passarela, balançando as pernas, lembrando-se de Pietro, da briga, do fim.

Conseguia se lembrar de cada detalhe daquelas palavras tão doídas, o tom de voz pesado dele dizendo que já não a amava. Logo ele, para quem ela deu toda a sua vida... Ana Julia tinha aberto mão de seus sonhos, sua personalidade, sua alegria, sua vida, para se jogar nos braços de Pietro... para viver o sonho (ou delírio) de um "grande amor"...

Ela se perguntava no que errou para perdê-lo assim, tão seco, tão sem uma grande motivação... tão sem sentimentos da parte dele. Naquele momento, a música que tocava em seus fones de ouvido acabou e outra passou a tocar, "Il Divo - Regresa a mi". A partir daí, Ana começou a relembrar aqueles momentos tão lindos e especiais que viveu com Pietro. A declaração de amor, o primeiro beijo, os passeios de mãos dadas, as noites de amor, a plenitude de seus sonhos (ou delírios).

Enquanto isso, uma multidão de curiosos cercava a passarela e se indagava dos motivos pelos quais uma jovem tão bela se encontrava à beira de se jogar daquela altura.

Pietro, então, chegou e gritou por ela. "Não faça essa loucura, meu amor!", dizia. Meu amor. Ele a amava. "Vem comigo", ele dizia, e ela foi. Fechou os olhos para o beijar, e nunca mais os abriu.