Quando eu era criança, era menos covarde que hoje. Antes eu não tinha medo de dançar publicamente, de demonstrar carinho, de dizer as tais palavras eu te amo. Não tinha medo do escuro, não acreditava em Papai Noel, coelho da Páscoa, ou qualquer baboseira que as crianças geralmente acreditavam. Mas hoje... ah, é diferente. Hoje eu temo dançar na frente das pessoas, por medo de ser tachada de ridícula, ou medo de atrair atenção que não é devida. Temo falar um eu te amo por medo de me arrepender depois, por medo de não ser exatamente isso que eu sinta. Tenho medo de abelhas, de sentir a dor da perda dos meus pais, e tem algo que me aterroriza: o silêncio. Eu não temo o escuro, enquanto há barulho por perto. Eu não temo um eu te amo regado à uma música romântica de fundo. Eu não temo dançar quando fecho os olhos e sinto a música ditar o meu ritmo. Mas o silêncio... ah, esse me atormenta. Barulhos, ruídos, músicas, toques, gritos, sustos, canto de pássaros, de grilos, qualquer coisa, mas silêncio não.
Silêncio é uma das coisas mais assustadoras que existem, quiçá a mais assustadora. O silêncio em forma de morte, de resposta não-dada, de simplesmente ausência de ruídos, numa casa vazia. É como estar dentro de um filme de terror, em que a qualquer momento sua vida será fulminada.
As dores passam (ou aprendemos a conviver com elas), arrependimento muda nossa vida e nos traz amadurecimento, abelhas no máximo nos ferroam, escuro é só falta de luz, vergonha todo mundo passa independente de dançando ou não. Mas e o silêncio? O silêncio me parece incurável, implacável. Por isso peço companhia, ou uma boa música, ou pelo menos o barulho de um teclado numa madrugada desperta.
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