Resenha #18 | A Sangue Frio

Autor: Truman Capote
Gênero: Livro reportagem
Nacionalidade: Norte-americana
Título original: In Cold Blood
Tradução: Sérgio Flaksman
Editora: Companhia das Letras
Nota: 10/10




Aclamado pela crítica, “A Sangue Frio” conta a história do assassinato de uma família que vivia no interior do Estado do Kansas, nos Estados Unidos, e do destino de seus assassinos. Capote passou seis anos vivendo naquela região, entrevistando todos os moradores da pequena cidade, conhecidos da família, e até mesmo os assassinos, acompanhando de perto o desfecho da história e publicando capítulo a capítulo em uma revista.

Em 1957, na cidade de Holkomb, no Kansas, a família Clutter vivia uma vida tranquila e sossegada. Eram queridos por todos da pequena cidade, frequentavam a igreja batista local, eram ricos e possuíam uma grande fazenda, mas isso não os fazia esnobes; muito pelo contrário. Eram humildes e prestativos com todos ao redor. Herb era o patriarca da família, fazendeiro. Sua esposa Bonnie tinha problemas psicológicos, e por isso acabava ficando isolada a maior parte do tempo. Seus filhos mais novos, Kenyon e Nancy, eram adolescentes. Nancy tinha um namorado.

Em um dado momento, suas vidas se cruzam com dois vigaristas que tinham acabado de sair da prisão: Richard Hickock e Perry Smith. Eles decidem assaltar a casa da família Clutter, mas mesmo sem encontrar dinheiro, decidem matar a família inteira de forma cruel, e depois fogem para o México.

Capote, então, narra toda a trajetória do caso, desde o crime até a condenação dos assassinos à forca. A comoção da cidade inteira, o medo que foi instaurado num lugar que era extremamente tranquilo e todos confiavam uns nos outros, a desconfiança de que o assassino fosse alguém da comunidade, a vida dos investigadores e suas famílias durante o período de averiguações, a vida dos criminosos e de suas famílias etc. Foram cerca de 5 anos relatados, com detalhes profundos e perfis psicológicos bem estudados pelo autor.

A obra conta com uma apuração jornalística de peso junto à uma narração literária de primeira qualidade. À época, foi chamado de “romance não-ficcional” e publicado por capítulos na revista The New Yorker. Hoje, é facilmente encontrado em livrarias, mesmo sendo um livro de mais de 50 anos. “A Sangue Frio” abriu portas para o chamado “New Journalism”, que consiste em usar a narrativa literária para fazer uma reportagem jornalística.

Em suma, a obra merece todo o reconhecimento que tem, pois é de extrema qualidade literária, tem um texto excepcional, envolvente, intrigante, sabe prender a atenção do leitor, não é uma leitura massiva, mesmo quando obrigatória (pois eu tive que ler para uma prova na faculdade). Tem todas as qualidades necessárias para ser o que é: um verdadeiro clássico do jornalismo literário.